Sacrossanta Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

Mensagem Litúrgica do quarto dia da Novena do Nosso Seráfico pai, São Francisco, em 2020. Primeira Leitura (Jó 1, 6-22), Salmo Responsorial (16) e Evangelho (Lc 9, 46-50).

Celebrando o momento festivo, o presidente da Santa Missa do quarto dia da novena rumo à festa do Seráfico pai São Francisco de Assis, realizada nesta segunda-feira (28), Frei Amilton Leandro, guardião do Jardim da Imaculada, Cidade Ocidental-GO, e presidente nacional da Milícia da Imaculada, comentou a gratidão que deve ter o cristão pelo Senhor conceder a cada um a graça de contemplar a vida de São Francisco de Assis, para que de forma pedagógica, ao relembrar o percurso do santo, seja possível reafirmar o caminho de santidade por ele percorrido.

Para ele, esse caminho revela alguém que se converteu para Deus e negou a si mesmo, em comunhão perfeita com o Cristo. O homem apenas é verdadeiramente livre quando se ata a si próprio e alcança uma liberdade de espírito que nada o detém ou espanta, e que não vive apenas a caminho do ofício. Um homem que diz não para si, e sim para Jesus Cristo. Santidade, junto às obras do Cristo, é morrer para viver.

Viver para si próprio não é o caminho. Para viver para o Senhor, faz-se necessário desconstruir a riqueza e a grandeza que distrai o homem da vontade do altíssimo, como lembra São Paulo. Na passagem do Evangelho de hoje, em que São Lucas relembra que quando os discípulos, ao saberem do destino de Jesus, e começam a discutir quem era o mais importante, quem iria ocupar o lugar do Cristo no futuro reino, “Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si e disse-lhes: ‘Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior’ (Lc 9, 47-48)”. Jesus veio para dar valor àqueles cujo o valor social era nulo à época, e permanece sendo nulo hoje em dia. Fazer deste o mais importante na comunidade do reino, os primeiros na atenção de Cristo, inclusive por isso mesmo quis nascer como um destes.

O critério do Cristo para medir a grandeza de um homem é inverso aos métodos da comunidade dos discípulos da época, e dos métodos do homem de uma forma geral. Ao trazer uma criança, Jesus censura os discípulos para mostrar a eles que eles não estavam falando a linguagem do amor. Quem falasse a linguagem do amor seria quem ocuparia o lugar dEle no reino. Que não se esqueça a frase de Francisco, “o amor não é amado”. São Francisco não foi um homem ganancioso, depois da sua conversão, passou a ter um olhar diferente para a natureza, para a obra da criação, refletindo o amor do Cristo. Passou de uma vida eremítica para uma vida apostólica, pregando Cristo pobre.

A conversão e a paz revelam um processo de esvaziamento, de amadurecimento progressivo que vai produzindo os passos de um sentimento verdadeiro que levaram Francisco a amadurecer, a rever os seus próprios passos para viver o Evangelho e para reconstruir a Igreja de Jesus, cultivando a devoção dele pela Virgem Maria. Francisco sempre visitava a capela da Porciúncula, capela dedicada à bem-aventurada Virgem Maria mãe de Deus. No lugar dedicado ao sermão da missão dos apóstolos, Francisco viu com clareza o chamado do Senhor e criou uma fraternidade itinerante. Amou aquele lugar com tamanha preferência, que ali iniciou a caminhada como frade e ali terminou o curso da vida. Segundo São Tomás de Celano, a Porciúncula foi um local dedicado ao claro conhecimento da via da verdade de ser um frade menor, o menor de todos, um berço, lugar de oração e retiro.

Foi lá também que, em 1212, aconteceu a vestição religiosa de Santa Clara de Assis, e nasceu a 2a Ordem. Local em que vários Capítulos foram realizados, ponto de partida de pregação dos frades. Francisco erguiu, em nome da Virgem Maria, cabeça da Igreja, um local em que os que ali rezavam encontrariam sempre um candelabro que sempre arderia, espelhando o amor de Deus e da Virgem Maria. Local de devoção, para todos receberem indulgência plenária, e reconhecido pelo Papa da época como um local santo. Para São Francisco, o mistério da pobreza de Nossa Senhora revelava o amor de Deus.

Maria, unida a Cristo, foi modelo de vida para os Frades e para as Clarissas, representando uma maternidade espiritual que denotava uma relação vital com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a advogada da Ordem, sempre unida a Seu filho. É Francisco quem por primeiro a saúda como esposa do Espírito Santo, e quem a fez ser um homem dócil para assim gerar Cristo na alma dos irmãos e irmãs. O franciscano bebe desta espiritualidade mariana, um projeto de entrega e santidade. Nutrir tamanha devoção à Virgem é clamar para que as forças egocêntricas que esgotam o cristão se dissipem, para que cada um possa ser como aquela criança apresentada por Jesus, totalmente dependente de Deus, pois o Senhor provê, o Senhor cuida de cada um, revelando a certeza do amor missionário que Francisco teve, com largueza e disponibilidade para o outro.

Frei Amilton Leandro finalizou a reflexão desejando que cada franciscano possa dizer obrigado a Jesus pelo ensinamento sobre quem é o mais importante, e que para que cada um possa operar, pela intercessão de São Francisco de Assis, com a receptividade e a ilusão de uma criança, para servir com amor e disponibilidade, inspirados por Maria, senhora que cuida da Ordem e de todas as necessidades dos seus filhos. Que cada franciscano possa cultivar a devoção cristocêntrica de Francisco à Virgem (Cristo no centro de tudo), para que com liberdade interior, cada um possa pautar sua vida constantemente no santo, puro e reto caminho ensinado pelo Senhor.

Texto por: Letícia Oliveira | Foto: Fernando Carlomagno