Sacrossanta Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

Felizes somos nós em saber apenas que Deus nos ama, que temos um Deus por nós, que temos uma Igreja, uma comunidade e o sacramento da confissão. E infeliz daquele que fica sempre procurando mais razões, mais evidências. É só se alegrar pelo que Jesus é.

Texto: Patrícia Gomes
Fotos: Silvana Castro

Mensagem Litúrgica

Celebração presidida pelo Frei Cristiano Freitas – 24/04/22

Primeira Leitura (At 5, 12-16)
Responsório (117/118)
Segunda Leitura (Ap 1,9-11a.12-13.17-19)
Evangelho (Jo 20,19-31)

 

É bom lembrar que esse segundo domingo da Páscoa, o domingo da misericórdia já existia. O que é relativamente novo é a festa da misericórdia. Foi o próprio Papa João Paulo II que instituiu a festa por conta de um pedido de Jesus a Santa Faustina. Foi uma santa que teve conversas com o Senhor, não foram aparições, foram conversas espirituais que ela teve com o Senhor e Jesus pedia para que ela escrevesse e, portanto, ela foi escrevendo as mensagens durante alguns anos, daí surgiu o Diário de Santa Faustina. É um conteúdo aprovado pela Igreja que nos ajuda na nossa caminhada espiritual. E o pedido de Jesus para Santa Faustina é muito claro: Diga ao povo para voltar para a minha misericórdia. Jesus está dizendo que tem uma graça a ser derramada, mas muitos não querem receber essa misericórdia. A graça está aí, a misericórdia está aí e muitas vezes não recorremos. Em uma das mensagens, Jesus vai dizer que não é preciso fazer grandes peregrinações, mas sim ir ao sacerdote e confessar seus pecados. E por que essa festa acontece no segundo domingo da Páscoa? É porque é nesse dia que acontece a instituição do sacramento da confissão, pois Jesus vai dizer aos discípulos: A quem perdoardes os pecados eles lhe serão perdoados e a quem não o perdoardes eles lhe serão retidos. Jesus deixa para a Igreja essa autoridade de perdoar os pecados.

No evangelho de João vamos ver que Jesus aparece aos domingos, já no livro do Êxodo está escrito para guardar os sábados, porque esse era o mandamento para os judeus. Com a ressurreição de Jesus, os discípulos perceberam que o dia santo não era mais o sábado, mas sim o domingo e Jesus faz questão de aparecer no primeiro dia da semana por diversas vezes. O evangelho relata que os discípulos estavam com medo dos judeus, pois haviam matado Jesus e poderiam matá-los também. Mas Jesus aparece no meio deles, pois Ele é o centro das nossas vidas, e deseja a paz, por isso, o medo acaba. Quem tem uma experiência com o Senhor não tem medo. Às vezes pedimos muitas graças quando deveríamos desejar a paz, pois a paz é algo que não se paga. Nós somos católicos para sermos mensageiros, para sermos testemunhas. O católico que não sai em missão não entendeu o seu papel e é por isso que Jesus vai falar: Assim como o pai me enviou eu também vos envio. São Paulo, na Carta aos Coríntios, vai dizer que somos embaixadores de Cristo. Vale a pena pensar se estamos saindo em nome de Jesus ou em nome próprio ou até ficando parados sem fazer nada. Depois Jesus vai dizer: Recebei o Espírito Santo e, para alguns estudiosos, é nesse momento que acontece o Pentecostes. Esse sopro lembra lá em Gênesis, quando Deus sopra sobre o barro e cria o homem. No livro de São João, esse sopro representa uma nova humanidade que Jesus está querendo criar. Uma vez que eu tenho a paz, que sou enviado em nome de Jesus e que recebo o Espírito Santo, Jesus vai dizer que temos autoridade para perdoar os pecados. Essa autoridade é dada a Igreja, pois é dada aos discípulos. Jesus naquela ocasião não está com a multidão, ele está apenas com os discípulos. Por essa razão, é tão importante se confessar, é graça de Deus, é a misericórdia infinita dele por nós.

Os discípulos estão reunidos, mas Tomé não está e isso quer nos dizer que não estar na comunidade é um mal muito grande, é um risco que nós corremos. Tomé caminhou três anos com Jesus, escutou o mesmo que os discípulos escutaram, aprendeu com Jesus, mas quando ele não acredita ele está negando o que Jesus fez. Tomé também nega o testemunho da Igreja, pois ele conviveu três anos com esses irmãos, mas quando os discípulos disseram: “Vimos o Senhor” Tomé não acreditou. Ele não acreditou nos seus, não acreditou na Igreja. Quando não vamos para a Igreja, quando não somos comunidade vamos negar a própria Igreja. E aí entramos numa experiência de fé egoísta, pois não basta a Igreja falar, eu preciso ver, eu preciso tocar, sempre o “eu” na frente. Tomé nega a Jesus, nega a Igreja, ou seja, nega os seus. E é por isso que nós, quando nos afastamos da Igreja, acabamos por consequência nos afastando de Deus. Mas Tomé corrige o erro, pois oito dias depois se reúne com os discípulos. O lugar por excelência da revelação de Jesus é na comunidade. O errado não é querer ver, sentir, pois todos temos nossa experiência pessoal. O errado é negar aquilo que a Igreja propõe. E hoje vemos muitos católicos que negam aquilo que a Igreja anuncia. Somos convidados a fazer um caminho e acabamos fazendo outro. Jesus poderia ter aparecido sozinho para Tomé, mas ele espera oito dias para que estivessem reunidos em comunidade e diz: Feliz de quem acreditou sem ter visto. Queiramos estar na nossa paróquia, na nossa comunidade com os nossos. Felizes somos nós em saber apenas que Deus nos ama, que temos um Deus por nós, que temos uma Igreja, uma comunidade e o sacramento da confissão. E infeliz daquele que fica sempre procurando mais razões, mais evidências. É só se alegrar pelo que Jesus é.