Sacrossanta Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

Na Mensagem Litúrgica do 2oDomingo da Quaresma, a comunidade da Capela de Santo Antônio de Pádua e do Santuário São Francisco de Assis ouviram sobre como melhor refletir a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo no caminho de transfiguração e conversão. Primeira Leitura (Gn 12, 1-4), Salmo Responsorial (Sl 32/33, Segunda Leitura (2Tm 1, 8b-10) e Evangelho (Mt 17, 1-9).

Por Letícia Oliveira

No 1Domingo da Quaresma, vimos Jesus no deserto, um local de necessidades, de morte, de sede, mas também um local em que Deus fala ao povo de Deus em seus corações. O local em que Jesus foi tentado.

Neste 2Domingo, Jesus está no monte. O monte é um local importante na Palavra, pois é nele em que contemplamos o Senhor, o místico. No Antigo Testamento, Moisés subiu o Monte Sinai para receber do Senhor os dez mandamentos (Ex 20, 1-25) e Elias o Monte Carmelo para desconcertar os profetas Baal e fazer com que o povo de Israel voltasse a obedecer a Deus (1 Reis 18). No Novo Testamento, Jesus sobe o Monte das Bem-Aventuranças para realizar o Sermão da Montanha (Mt 5, 1-12), como víamos no Tempo Comum deste Ano “A”. Agora, sobe o Monte Tabor para a transfiguração, e subirá ainda o Monte das Oliveiras para a Agonia no Getsémani (Mt 26, 36-46) e para a sua gloriosa Ascensão (Mt 28, 16-20). Acesse o link constante na imagem abaixo para ver as fotos da Santa Eucaristia no Noroeste.

O Monte Tabor foi identificado por Padre Orígenes, o Cristão (*185 †253), e aparece em apenas uma passagem no Antigo Testamento, o local de onde a governanta Susana (uma mulher do povo no tempo de Israel) venceu o exército inimigo no Antigo Testamento e pediu em troca apenas esse reconhecimento. Um registro histórico para ainda mais engrandecer e celebrar o Dia Internacional da Mulher. Outra referência que temos do monte em nossa vivência é a de São Francisco de Assis, que também subia ao Monte Alverne para rezar.

Aproveitemos a passagem de hoje do Evangelho para refletirmos sobre os sentimentos de Jesus. Em três dos quatro Evangelhos, a passagem se inicia com: “1Seis dias depois, Jesus tomou consigo…”. Mas os folhetos de missa não mencionam esses “seis dias” para se evitar a dúvida na reflexão: “seis dias” depois de que? Nesses “seis dias” anteriores, Jesus havia levado os doze apóstolos para a comunidade, para perguntar a eles quem eles diziam que ser Jesus, haja vista que todos achavam que ele era apenas mais um profeta. Pedro, que sempre nas escrituras é aquele que fala o que pensa sem pensar, e diz o texto bíblico, que ele se antecipa para, “e, Simão Pedro Respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo’” (Mt 16, 16). Entretanto, a ideia que eles tinham de “Messias” era a mesma dos povos do Antigo Testamento. Tanto que o próprio Pedro, ao ouvir o caminho de Paixão, Morte e Ressurreição pelo qual o verdadeiro “Messias” deveria passar, chamou Jesus para repreendê-lo. Foi tentado, e por isso o Cristo diz a ele que se coloque atrás e o chama de satanás. Mas não para denegrir o apóstolo e sim para mostrar que as palavras dele se contrapunham ao projeto de Deus (Mt 16, 23). Vejam as fotos da Santa Missa das 19h no link que se encontra na imagem abaixo:

Foi nesse momento que Jesus começou a sentir sozinho, a se sentir um “mestre falido”, a sentir não se fazer compreender nem por aqueles que eram mais próximos e amados por Ele. É quando toma Consigo apenas três deles, Pedro, Tiago e João para subir ao monte e orar. Nesse momento de imersão na oração é que acontece a transfiguração – “2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17,2). O momento que Deus escolhe para apresentar quem era realmente seu filho amado.

Ao longo da história do povo de Deus, outro grande momento de transfiguração foi a de Abraão, como nos fala a Primeira Leitura. Abraão é o pai da fé de 1/3 da humanidade – “2Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção”(Gn 12, 2) -, e isso se deu, sobretudo, pela confiança daquele homem que, aos 75 anos, se via um homem condenado a não ter passado – pois seus pais já haviam morrido -, e a não ter futuro, pois Sara e ele ainda não tinham os filhos esperados. Um homem amaldiçoado pela crença do povo de Israel. Mas Abraão confia no Deus que o ama, se deixa transfigurar, se transformar em bênção e “1Sai da tua terra, da tua família e da casa de ter pai, e vai para a terra que eu (Deus) te vou mostrar” (Gen 12, 1). O filho demorou a vir, Deus pediu a ele para confiar, ele confiou, e junto ao filho dele soma-se atualmente 1/3 da humanidade.

Na transfiguração de Jesus, Ele chega lá como o “mestre falido”, sentindo a morte se avizinhar, sabendo que sua última viagem a Jerusalém começaria. É quando então Moisés e Elias aparecem para reconhecer Jesus como o “intérprete do Antigo Testamento. Nesse momento, o maior erro de Pedro não foi ter tido vontade de permanecer ali com Jesus e os profetas. Mas sim a de não ver a grandeza de Jesus, apenas anexando-O à maior festa da comunidade de Jerusalém na época, a Festa das Tendas, por meio da proposta da construção das três tendas. E Deus diz aos três apóstolos como quando falou no Batismo de Jesus, “Em seguida, uma voz dos céus disse: `Este é meu Filho amado, em quem muito me agrado’” (Mt 3, 17), e acrescentou: “Escutai-o!” (Mt 17, 5), e não a Elias, ou a Moisés, pois Jesus é Deus conosco, Ele é nosso salvador.

Depois dessa fala, Jesus mostra uma face misericordiosa, face que encoraja os apóstolos com a expressão, “Jesus se aproximou, tocou neles e disse: ‘Levantai-vos e não tenhais medo’” (Mt 17, 7). Uma expressão que aparece 365 vezes na Bíblia, dada a importância dela para nós. Nós que temos medo de estabelecer relações, medo de crer, medo de amar, medo de esperar, medo de nos transfigurarmos.

Jesus transfigurado é o que desce da montanha para continuar seu caminho para Jerusalém, e pede silêncio para os três apóstolos até que se completasse o caminho da Paixão, Morte e Ressureição, pois seriam eles a ajudar os demais discípulos a compreender o mistério desse caminho.

Que a imagem do Crucificado seja um caminho sincero de transfiguração e conversão que cada um de nós possa seguir em mais essa Quaresma do Senhor!

“O Senhor vos dê a paz!”

Fotos e Transmissão Santa Eucaristia no Noroeste: Letícia Oliveira

Fotos Missa das 19h: Larissa Pedrosa

Transmissão Missa das 19h: Fernando Carlomagno

Colaborou: Alícia Vasconcellos