“Ao longo desses 40 anos conseguimos cultivar uma grande devoção a São Francisco no nosso Santuário e gostaria muito que a espiritualidade do nosso padroeiro estivesse presente na comunidade”, afirmou Frei João Benedito em sua homilia.
Texto: Patrícia Gomes
Fotos: Aureni Brito, Fernando Carlomagno e Frei Henrique
Na liturgia de hoje temos uma criança como modelo e o gesto de Jesus de acolher essa criança assusta a muitos, inclusive os apóstolos, pois naquela época, as crianças não eram bem-vistas, somente a partir dos 12 anos podiam participar nos templos como se adultos fossem.
Até mesmo os apóstolos tinham a atitude de afastar as crianças. Nós olhamos para Francisco como adulto e podemos reconhecer um adulto que soube ser criança na sua pureza, docilidade, jovialidade e no ato de se fazer pequeno.
Ao longo desses 40 anos conseguimos cultivar uma grande devoção a São Francisco no nosso Santuário e gostaria muito que a espiritualidade do nosso padroeiro estivesse presente na comunidade. No final da vida, Francisco quis deixar um testamento e é um texto que vale para todos nós. Ele estava na cidade de Sena e aí ele vai dizer: escreva, porque já não posso mais falar, pois já estou cheio de dores e doente. Escreva aos meus irmãos que sejam atentos a três coisas e essas três coisas nas palavras do próprio Francisco sintetizam a espiritualidade franciscana. A primeira delas ele vai dizer assim: que em nome do meu amor para convosco que vocês se amem mutuamente. Então, o primeiro conselho de Francisco de Assis podemos resumir em uma palavra: fraternidade.
Depois Francisco vai dizer: Mantenham sempre o amor para com a senhora pobreza. Ele personificou a sua vocação com esse nome: a senhora pobreza. A pobreza para ele não era somente renunciar os bens materiais, não pensem que a pobreza é prerrogativa apenas dos religiosos. Jesus nos evangelhos fala isso para todo mundo, mas não é que você deve se tornar um miserável e sim aquilo que você possui deve se tornar instrumento de fraternidade, instrumento de doação, de atenção para com os pobres, os excluídos e necessitados desse mundo. A terceira palavra é Igreja. Ele vai dizer assim: Sejam sempre obedientes a Igreja. No tempo de Francisco, muitos foram os movimentos que nasceram para reformar a Igreja e caíram em heresia e romperam com a Igreja. Francisco foi sempre fiel, mesmo no momento em que a Igreja não conseguia compreender a novidade de Francisco, ele permaneceu fiel. Podemos sintetizar a espiritualidade de São Francisco em três palavras: fraternidade, pobreza e Igreja.
Em comemoração aos 40 anos de nossa Paróquia desenvolvemos um belo projeto: a lâmpada votiva. No túmulo de São Francisco tem uma lâmpada de exatamente 1 metro e 30 centímetros que é a lâmpada acesa na nação italiana como forma de agradecimento pelas graças alcançadas e na intenção por novas graças.
Com a ajuda do Frei Rafael, o nosso último pároco e hoje está em Assis, e também com a colaboração do paroquiano Marco Aurélio, montamos o projeto e fizemos uma releitura brasileira e brasiliense da lâmpada. Temos os arcos do Palácio da Alvorada que estão na Bandeira do Distrito Federal, 7 arcos, 10 litros de óleo que estão em um vidro polonês que, por providência, nos alegra, pois são os fundadores da nossa província. Em cima o tau, ao redor do óleo estão cinco escudos, são eles: o escudo da cidade de Assis, o escudo da nossa província, o escudo da nossa ordem, o escudo da Arquidiocese de Brasília e o escudo episcopal do Frei Agostinho, o fundador da nossa província e está em processo de canonização. Nós quisemos fazer quatro monumentos para comemorar esses 40 anos, um para cada 10 anos: um é a lâmpada, o outro são as fotos belíssimas de Assis que já estão colocadas nas colunas, outro é o mosaico e outro será a Via-Sacra que estará no muro da casa das irmãs. Esses monumentos nos ajudam a renovar a nossa fé. Renovemos a nossa fé e a nossa espiritualidade baseada em São Francisco de Assis!