Mensagem Litúrgica, 29° domingo do tempo comum, 18 de outubro de 2020.
Primeira Leitura (Is 45,1.4-6)
Salmo Responsorial (Sl 95)
Segunda Leitura (1Ts 1,1-5b)
Evangelho (Mt 22,15-21)
Na homilia deste domingo (18/10) Frei João Benedito (OFMConv), reitor e pároco do Santuário São Francisco de Assis, lembrou do significado da chuva para o povo de Israel, que convive com o clima do deserto, onde a chuva cai raramente e às vezes tem força suficiente para destruir uma cidade. E assim como a chuva cai sobre os justos e injustos, assim a graça de Deus chega a nós. Deus faz chover e faz sair o sol. Deus lança sua graça aonde quer e da forma que deseja e a manifestação da salvação nem sempre chega a nós pelas vias que pensamos. “O rei Ciro foi canal de libertação para o povo de Israel, sem ao menos conhecer Javé, nos conta o profeta Isaías”, afirmou o celebrante.
O pároco lembrou que Jesus uma vez disse aos profetas que quem não está contra nós, está a nosso favor. “Para nós, que estamos no caminho da fé, entender que a graça de Deus é graça e Ele opera onde quer é um desafio”, disse.
O Evangelho de hoje é uma das passagens em que Jesus é posto à prova pelos fariseus. Duas vezes eles fazem isso com temas religiosos e aqui, com um tema político. “Dai a Cesar o que é de Cesar, dai a Deus o que é de Deus. Falar de política é sempre um desafio, porque muitos católicos não gostam de falar sobre política, mas isso é importante”, advertiu o celebrante.
O frei lembra que quando chegou à paróquia, depois de 12 anos fora do Brasil, espantou-se com a indagação sobre qual facção política ele apoiava, e ele respondeu: eu sou de Jesus Cristo.
O pároco lembrou que os fariseus queriam colocar Jesus numa armadilha. “Fariseus e herodianos, que se odiavam, se uniram contra um inimigo comum: Jesus”, pontuou Frei João. E assim se colocavam, fazendo perguntas capciosas, querendo provar que Jesus contrariava os romanos e os judeus. Dessa forma, a pergunta sobre o pagamento de impostos a Roma foi uma armadilha da qual Jesus escapou.
Primeiramente, Jesus perguntou quem tinha uma moeda e perguntou de quem era a figura que ali estava. Pela lei judaica da época, os judeus não poderiam sequer tocar nas moedas romanas, porque elas traziam a figura humana do imperador o que em si era uma heresia. E um fariseu apresentou a moeda e Jesus disse: Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. “O que é de Deus somos nós seres humanos, criados a sua imagem e semelhança, e não somos posse ou propriedade de nenhum governante”, disse Frei João Benedito.
Jesus nos ajuda a sermos mais críticos e mais cristãos segundo o pároco. “Estamos em período de eleições e quantas vezes o nome de Deus é usado de forma leviana. Nós que somos pessoas do caminho da fé, precisamos entender que Deus não pode ser instrumentalizado”, advertiu.
Para o padre, todas as vezes que a religião se misturou com a política, a religião é que saiu perdendo. “O Evangelho de hoje nos mostra que Deus é aquele que permanece. Ele é o Senhor da História. A Ele devemos suplicar para que os governantes exerçam o poder para o bem do povo, e não para o bem deles ou de alguns. Se nós pessoas de bem combatemos a política como se ela não devesse existir, então as pessoas de mal vão tomar conta da sociedade. Que o Senhor nos abençoe e que possamos ser uma nação justa e honesta que escolhe políticos que sejam também justos e honestos”, concluiu Frei João Benedito.
Texto por: Ana Beatriz Santos | Fotos: Fernando Carlomagno