Na Mensagem litúrgica do VII domingo do tempo comum, celebrada por Frei Cristiano Freitas OFMConv., foi dada continuidade ao Sermão da Montanha, que proclama as bem-aventuranças.
Por Ribamar Araújo
Na primeira leitura (Levítico 19, 1-2.17-18), ainda no antigo testamento “O Senhor dirigiu-Se a Moisés nestes termos: ‘Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’. Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
O Deus que é Amor conclama que a sua ‘ imagem e semelhança’ sejamos santos na busca do seguimento de Deus. Superando a lógica vetero-testamentária (do velho testamento) que bebendo da antiga lei de talião que pregava a lógica da ‘justa retribuição’ de pagar o mal com o mal, como vamos ver a seguir no Evangelho, e reafirmou o Frei Cristiano Freitas “somos convidados a ir além” do prescrito na lei.
O texto da leitura, tirado da quarta e última parte do Levítico, o chamado Código de Santidade (Lv 17 – 26), foi escolhido em função do Evangelho que apela à santidade de vida.
Só Deus é santo, transcendente, mas todos os seres que estão em comunhão com Ele, a Ele são consagrados e têm consciência desta condição de pertença divina e interior, participam da sua santidade.
Todo o complicado sistema religioso do Levítico destinava-se a preparar as pessoas para Cristo que nos diz: sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5,48), como se lê no Evangelho deste Domingo.
Também o Salmo Responsorial Sl 102 (103), vem nessa direção: Este salmo é um poema de louvor à bondade divina. “Como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que O temem”. Em comunhão com toda a Igreja, cantamos: “O Senhor é clemente e cheio de compaixão!. Paciente e cheio de bondade…. Não nos tratou segundo os nossos pecados… Nem nos castigou segundo as nossas culpas. Como o Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados…”. Esse salmo vem reavivar a fé de que no final seremos salvos não por nossos méritos mas pela infinita misericórdia divina.
Na Segunda Leitura S. Paulo ensina-nos: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? “[…] Se alguém entre vós se julga sábio aos olhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, como está escrito: ‘Apanharei os sábios na sua própria astúcia’”. E ainda, “o Senhor sabe como são vãos os pensamentos dos sábios”. Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. “Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”.
Para confundir os que se julgam superiores por serem ‘doutores da lei’ e conhecedores privilegiado do projeto de Deus o texto de São Paulo anuncia a contradição da sabedoria ‘dos loucos’ que subverte a ciosidade dos doutos.
No Evangelho de São Mateus (5, 38-48) vem uma grande chamada de atenção de superação da visão judaica ortodoxa que prega a “obediência cega a lei” como nos advertiu em sua homilia o frei Cristiano Freitas. O texto bíblico nos diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto… Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. “Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus.
Fotos: Alícia Vasconcellos e Letícia Oliveira