Mensagem Litúrgica, 31° semana do tempo comum, Comemoração dos Falecidos 2 de novembro de 2020. Evangelho João 11, 1-43
Acreditar que a vida não termina com a morte é uma característica própria do cristianismo e esse sentido existe a partir da pessoa de Jesus Cristo. É o que afirmou Frei João Benedito, reitor e pároco do Santuário São Francisco de Assim, durante a homilia da Celebração Eucarística em comemoração aos falecidos. Ele acredita que ao fazermos memória daqueles que morreram somos convidados a refletir sobre duas realidades. A primeira é que o Senhor venceu a morte. A segunda é de que é justo nos entristeçamos e chorarmos, mas que devemos “deixar partir os nossos mortos”.
“Na verdade, o que nós vemos na história de Jesus é um amor tão potente, já que Deus é amor, que o amor enfim se mostra mais forte que a morte”, pontuou o pároco. Ele também disse que acreditar na ressureição é um dos grandes desafios de fé. “Na ressureição do Senhor está o centro da nossa fé. Tirando a ressureição, não há sentido”, salienta. “Na ressureição de Cristo nós temos a esperança, a certeza, que todos nós vamos participar dessa ressureição. Que todos nós e nossos irmão falecidos vão viver essa experiência de vida nova”, destacou.
Para Frei João, a certeza da ressureição é um dos pontos em que devemos buscar e trazer para nossa vida a partir da reflexão da celebração dos fiéis falecidos. “Não existe outro modo para nós superarmos a tristeza da morte de uma pessoa amada a não ser pela fé na ressureição”, garante o pároco. O sacerdote afirma que ao crer em Cristo Ressuscitado passamos a acreditar em um Deus que não provoca o sofrimento humano nem nos arranca alguém que amamos para nos causar dor, mas um Senhor que está do nosso lado, que nos consola e que dá continuidade a vida da pessoa que amamos, junto dele, na ressureição dos mortos.
Outro ponto que é necessária reflexão para o nosso aprendizado, segundo o pároco, é que não podemos nos fechar na dor e sofrimento diante da perda daqueles que amamos. O Evangelho meditado durante a celebração traz o a história em que Cristo, ao ir ao enterro do amigo querido, opera o milagre de trazer a vida Lázaro. Segundo o frade, essa passagem é um dos poucos momentos relatados nos Evangelhos em que Jesus chora.
Ao falar sobre a leitura, Frei João Benedito destacou a fala de Marta que reprimiu Jesus alegando que se ele estivesse ao lado de Lázaro quando ele estava doente, ele não teria falecido. O frade afirma que esse sentimento muitas vezes está presente nos corações daqueles que sofram a perda de alguém especial.
Ele também destacou que no texto o evangelista utilizou palavras diferentes para descrever o choro de Jesus do de Marta e Maria. As lágrimas de Jesus, segundo o autor bíblico, eram de tristeza. Já as das irmãs de Lázaro eram de desespero. O sacerdote salienta que Jesus nunca perdeu a esperança em Deus, mas naquele momento ele estava entristecido mesmo crendo na ressureição.
Além disso, ele lembrou que Cristo, após ter realizado o milagre de dar novamente vida a Lázaro, ele pediu para que aqueles que estavam junto do túmulo deixassem ele partir. Dessa forma, o pároco afirma que é justo chorar e sentir saudades daqueles que nos deixam, mas alerta que não podemos passar a vida lamento a perda de alguém importante ou afogados em tristeza e amargura. Com esperança na ressureição, é necessário seguir em frente. “Superar o luto e superar a tristeza só é possível com a fé no ressuscitado”, afirmou.
“Que a celebração de hoje (2) possa ajudar a cicatrizar as feridas que possamos ter no nosso coração ainda. Talvez, faltou um pedido de perdão para essa pessoa em vida. Reze por ela. Talvez, faltou cuidar mais dela. Tá bem! Não perca a chance de cuidar daquelas pessoas que hoje você possa cuidar. Mas não viva o resto da sua existência na tristeza de uma pessoa que se foi, mas que você pode e deve continuar a amar”, finalizou a reflexão.
Texto: Kelsiane Nunes | Fotos: Fernando Carlomagno