Sacrossanta Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

Mensagem Litúrgica do I Domingo da Quaresma. Primeira Leitura (Gn 2, 7-9; 3, 1-7), Responsório (Sl 50/51), Segunda Leitura (Rm 5, 12-19) e Evangelho (Mt 4, 1-11)

Por Ribamar Araújo

A primeira leitura do Leitura chama a atenção para os limites da fragilidade humana resgatando o simbolismo bíblico da força da vida que reside no sopro divino “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem tornou-se um ser vivente”. Em seguida retrata a lógica em que ‘o proibido é o que seduz’ através da fragilidade humana no deserto aonde “a serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito…” é objeto de tentação à mulher: ‘Não, vós não morrereis. Clique na imagem e veja mais fotos.

Mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus conhecendo o bem e o mal’. Nisso reside a origem de todos os pecados, em que os homens se confundam com ‘Deus’. “A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para se alcançar conhecimento. E colheu um fruto, comeu e deu também ao marido, que estava com ela, e ele comeu”.

No paralelo está a carta de São Paulo “eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 7, 19) já que o pecado está em sucumbir aos limites da humanidade. E, nesta medida, o salmo parte desse reconhecimento “Na imensidão de vosso amor, purificai-me!…Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente”.

A segunda leitura vem trazer o anúncio da vitória da graça quando declara “Onde o pecado abundou superabundou a graça”. Refletindo sobre a anterioridade do pecado que conduz a morte “Na realidade, antes de ser dada a Lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado, quando não há lei”. O texto reafirma que a graça transcende o pecado assim como “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem mais superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos”.

“Também, o dom é muito mais eficaz do que o pecado de um só. Pois a partir de um só pecado o julgamento resultou em condenação, mas o dom da graça frutifica em justificação, a partir de inúmeras faltas. Por um só homem, pela falta de um só homem, a morte começou a reinar. Muitoz mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e superabundante da justiça. Como a falta de um só acarretou condenação para todos os homens, assim o ato de justiça de um só trouxe, para todos os homens, a justificação que dá a vida”.  Nessa medida é pela desobediência que se chega ao pecado e do pecado à morte e pela observância dos ensinamentos de Deus através do qual Jesus vem nos resgatar com sua vida. “Com efeito, como pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça”.

No evangelho, no contexto da tentação no deserto assim como o Povo de Israel foi tentado no deserto Jesus é tentado na sua condição humana: “Jesus jejuou durante quarenta dias e foi tentado”. “O Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo”. Tentado diante das fragilidades humanas “Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome’.

Diante da fome recaiu sobre Ele a tentação do ser “manda que estas pedras se transformem em pães!”. A qual Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”. E a essa tentação Jesus responde com o seu próprio corpo ao longo da sua vida, o seu corpo que se transforma em “Pão da Vida” (João 6:35, 48)

Em seguida iniciou a tentação do poder: “Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: ‘Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Mas Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’”

Por fim Jesus sofreu a tentação do ter: “’Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Ao que Jesus retrucou ‘Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto.’

E assim Jesus venceu todas as tentações desde a solidão do deserto à solidão no alto da cruz. Também Jesus teve dificuldade de vencer as tentações na luta contra o tentador. Jesus venceu como ser humano para nos dizer que podemos vencer na constante busca de Deus na solidão do deserto.

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Fotos: Fernando Carlomagno

Edição: Letícia Oliveira