Sacrossanta Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

Na Mensagem Litúrgica da Santa Missa das 19h do VI Domingo do Tempo Comum, celebrada por Frei João Benedito (OFMConv.) recordou que a “lei deve ser uma flecha lançada para o além!”.

Por Ribamar Araújo

 

As leituras chamam à atenção para a radicalidade da lei segundo os mandamentos de Deus que vão além dos limites legais da sociedade. A verdadeira lei como instrumento de justiça. Na Primeira Leitura (Eclo 15, 16-21), lembra, “se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confiar em Deus, tu também viverás. Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; Ele receberá aquilo que preferir”. E percebemos que o ato de observância da lei supõe uma adesão livre e preferencial. Nessa medida, a lei não é imposta, mas é sim um convite amoroso, uma proposta.

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Na Segunda Leitura (1Cor 2, 6-10), vemos que “Deus destinou, desde a eternidade, uma sabedoria para a nossa glória”, mas a lógica dos desígnios de Deus não obedece a lógica convencional dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão voltados à destruição”, mas da “misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida”. Afirma ainda profeticamente, “nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria, pois se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória”.

Já o Evangelho (Mt 5, 17-37) nos convida a repensar os limites humanos e dilatar nossa compreensão das leis, relembrando, “não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus”.

Assim, Jesus coloca a lei em seu devido lugar, como instrumento da justiça e em função dela, para que a missão Dele fosse cumprida, e sem a qual essa missão não teria sentido. Assim, a obrigação diante da lei como instrumento da verdadeira justiça orientada não para condenação da “morte”, mas para a plena reconciliação que gera a verdadeira vida. “Portanto, quanto tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. Procura reconciliar-te com teu adversário enquanto caminha contigo para o tribunal”. Na radicalidade do Evangelho somos convidados a renunciar tudo o que nos afasta desse verdadeiro projeto que ele traz, “se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno”.

Na homilia, Frei João Benedito ressaltou que o Evangelho é uma continuidade do Sermão da Montanha, em que Jesus expõe a lei de Moisés como “Torá = flecha” que deve ser lançada ‘além’ dos limites humanos propostos pelos fariseus, saduceus, ‘doutores da lei’, que fazem da prática da lei uma condição de merecimento, fazendo crer que será pela “meritocracia” que galgaremos a salvação. Quando a proposta do Cristo é a gratuidade da salvação. “A felicidade, o prêmio, está em servir a Deus na lógica do Reino”. Viver os mandamentos como uma gratidão na liberdade e conversão para corresponder ao amor de Deus”.

Fotos: Aureny Brito